“Nenhuma nação se desenvolve sem instituições fortes de ciências, tecnologia e ensino superior”. A afirmação é da Dra. Denise Pires de Carvalho, reitora da Universidade Federal do Rio Janeiro e ex-presidente do Departamento de Tireoide da SBEM e da Sociedade Latino Americana de Tireoide. A frase foi dita durante o Workshop da Comissão de Formação Médica em Endocrinologia e Metabologia – Ciência versus pseudociência, no 34º CBEM, que começou no dia 28 de novembro.
A especialista apresentou, no último dia 30 de novembro, a palestra “A marcha pela ciência e o impacto para o futuro do Brasil”, e discutiu aspectos relevantes da medicina e da saúde, de uma maneira geral, no Brasil.
Dra. Denise explicou que mudanças conceituais aconteceram nos últimos séculos. De acordo com ela, no passado, o modelo era linear, no qual a pesquisa gerava tecnologia, ou seja, a aplicação do conhecimento gerado. Atualmente, o modelo é circular. O conhecimento gerado permanece gerando novas tecnologias, mas há uma retroalimentação entre a tecnologia, a aplicação do conhecimento e a geração de novos conhecimentos.
Só podemos estar juntos aqui, online, por causa do avanço tecnológico do último século – Dra. Denise Pires @ReitoraUFRJ – endocrinologista e reitora da UFRJ.#ecbem2020 #orgulho #endocrinologiaemetabologia #ufrj pic.twitter.com/T3RBgPNgZy
— endocrino.org.br (@endocrinologia) November 30, 2020
Investimento e Desenvolvimento
Uma sociedade mais moderna e menos desigual passa pela aquisição de conhecimento e tecnologias, afirmou Dra. Denise. Mas, para isso, é preciso financiamento para que a geração de conhecimento e de novas tecnologias seja possível. “Isso leva a geração de empregos e aumenta a renda per capita do país”, disse a médica.
Segundo Dra. Denise, a produção de conhecimento está diretamente relacionada à existência de mestres e doutores atuando no mercado de trabalho, tanto em empresas como nas Academias. “No Brasil, o número de pessoas formadas nesta categoria aumentou, mas em comparação com outros países ainda precisa melhorar bastante.”
A ciência brasileira ainda não conta com um número de doutores necessários, além disso, ela é subfinanciada. O Brasil investia cerca de 1% do produto interno bruto em ciência e tecnologia. Hoje a projeção é abaixo de 1%. “Não há desenvolvimento sem investimento em pesquisa científica e tecnológica. Por isso, a importância da marcha pela ciência. Não se forma doutores, não se mantém laboratórios sem que o investimento seja sustentado”, ressaltou a endocrinologista.
As universidades brasileiras seguem um modelo de universidades de pesquisa, mas elas precisam de mais investimento e fortalecimento para que o país seja capaz de enfrentar as pandemias e os desafios deste século. “Os setores educacional e de produção de conhecimento nas universidades de pesquisa estão prontos para vencer os desafios deste século em inteligência artificial ou qualquer outro desafio que seja imposto por essa era. No entanto, não podemos continuar com a queda progressiva do investimento nessa área, pois nos afasta do modelo de nação desenvolvida.”
“Crianças e jovens dependem desse projeto de nação que investe em educação, ciência, tecnologia e inovação. Nessa área não é gasto, é investimento. São questões estratégicas para qualquer nação do mundo”, finalizou Dra. Denise.