Por Judy Botler
A triagem neonatal para o hipotireoidismo congênito existe no Brasil desde meados da década de 80, quando vários centros, em diversos estados, iniciaram seus programas de forma isolada e desarticulada. A SBEM foi a primeira dentre as sociedades de especialidades médicas a se preocupar com a questão, procurando reunir os grupos interessados e promover o debate sobre as questões relativas ao tema.
Foi criada uma Comissão de Rastreamento Neonatal para o Hipotireoidismo Congênito encabeçada pelos doutores Ricardo Meirelles, Rui Maciel, Ângela Spínola e Castro e Álvaro Machado. A partir de 1989, foram realizados 10 fóruns de debates, sendo a maioria em Encontros Brasileiros de Tireoide. No décimo fórum, foi decidida a criação da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal (SBTN), tendo em vista que a discussão da triagem neonatal começava a ampliar o seu foco para um universo maior de doenças além do hipotireoidismo congênito.
Em 2001, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Triagem Neonatal, que, talvez, seja o maior programa governamental com este objetivo em extensão geográfica do mundo. Este programa, que teve como objetivos primordiais a garantia de acesso universal aos testes e todas as etapas que vão da coleta do teste, passando pela confirmação diagnóstica, tratamento e acompanhamento dos casos afetados no longo prazo, foi gestado a partir das discussões oriundas dos fóruns promovidos pela SBEM.
A participação do EBT, portanto, foi primordial na construção da política de Triagem Neonatal no país e este debate deve continuar, pois o programa, apesar de implantado, ainda encontra diversos problemas, próprios do sistema de saúde onde ele se encontra inserido. As sociedades de especialidade, além do seu papel de geração do conhecimento científico, devem estar conscientes da sua função de formação de opinião. Nesse sentido, ainda há muito que se fazer pela triagem neonatal no Brasil.