Nódulo na tireoide foi um dos temas discutidos durante o 33° CBEM, em agosto, em Minas Gerais. O assunto foi abordado pela Dra. Valéria Guimarães, ex-presidente da SBEM Nacional. A médica falou sobre o momento de reflexão acerca do excesso de screening da tireoide e da importância do acompanhamento da população com o endocrinologista.
A especialista explicou que, atualmente, se tem um screening universal a procura de nódulos da tireoide, dando ênfase a eles. Porém, sabe-se que cerca de 60% da população (em alguns casos até 80%) apresenta algum tipo de nódulo, e que apenas 5% deles são cancerosos.
Esse excesso de investigação, segundo Dra. Valéria, gera procedimentos desnecessários nos pacientes. Muitos desses nódulos passam por punção aspirativa desnecessariamente, chegam a um padrão inconclusivo e, equivocadamente, são encaminhados para cirurgias. “Hoje em dia muitos nódulos, inclusive com diagnóstico de câncer, não precisam ser operados. É possível observar que alguns deles são caracterizados com baixíssimo risco e precisam apenas de acompanhamento.”
Para Dra. Valéria é importantíssimo alertar os médicos sobre a questão e esclarecer à população sobre a necessidade de se consultar com um endocrinologista. Ele é o profissional qualificado para informar se há a necessidade da retirada da tireoide ou não.
Ela destaca que tudo começa pelo primeiro ultrassom de tireoide, que gera uma série de procedimentos que poderiam ter sido evitados, e culmina na retirada da tireoide do paciente, obrigando-o a fazer reposição hormonal pelo resto da vida. A médica frisa também que a SBEM e as demais Sociedades Americanas de Endocrinologia pedem uma reflexão sobre o assunto. “O debate no Congresso foi exatamente para levantar o sinal vermelho, estimular a reflexão e nos ajudar a orientar o público sobre a importância do atendimento com o profissional correto.”