A questão envolvendo o câncer papilífero da tireoide vem sendo discutido há algum tempo pelas sociedades médicas. Por isso, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e o Departamento de Tireoide da entidade divulgaram o posicionamento com relação a Variante Folicular do Carcinoma Papilífero de Tireoide Não Invasivo e Encapsulado (VFCPT).
No texto, a SBEM e o Departamento esclarecem que dentre os vários subtipos de câncer papilífero da tireoide o mais comum é o PTC clássico. Ele atinge cerca de 70 a 80% dos tumores da tireoide. A variante folicular vem em segundo, mas nas três últimas décadas a incidência deste tipo de câncer cresceu em quatro vezes, sendo referente a 20% dos cânceres da tireoide.
“Com a nova classificação mais de 25 mil pessoas por ano não vão receber o diagnóstico de câncer de tireoide, o que reduz o impacto psicológico que este tipo de diagnóstico causa e o impacto que isto vai ter em termos de saúde pública com uma redução importante de gastos com o tratamento e com o acompanhamento”, explica a Dra. Gisah Amaral de Carvalho, presidente do Departamento de Tireoide.
O documento apresenta ainda as recentes diretrizes e recomendações da American Thyroid Association e da SBEM com relação aos riscos tanto do diagnóstico como do tratamento do câncer na tireoide.
“A condução dos EFVPTC não-invasivos deveria depender do comportamento biológico do tumor. As recentes diretrizes da American Thyroid Association e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia recomendam cuidados na estratificação de risco e advogam uma abordagem mais mensurada e adaptada ao risco tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento do câncer de tireoide. A extensão da cirurgia (tireoidectomia parcial ou total), papel da tireoidectomia para completar, dissecção cervical central e tratamento com RAI pós-operatório para prevenção da recorrência da doença são todos dependentes da potencial malignidade do tumor primário. Entretanto, os EFVPTCs são frequentemente excessivamente tratados, levando a um aumento do potencial de morbidade, stress emocional e psicológico e aumento dos custos financeiros e no sistema de saúde.”
Outro ponto importante destacado é sobre a revisão da nomenclatura dos EFVPTC não invasivos. Esses tumores foram renomeados e passaram a ser denominados “neoplasia tireoide folicular não invasiva com aspectos nucleares de semelhança papilífera (em inglês Noninvasive Follicular Thyroid Neoplasm with Papillary-like Nuclear Features – NIFPT)”. De acordo com a nova nomenclatura e a retirada da palavra câncer, o baixo potencial de malignidade desses tumores passa a ser reconhecido.
O Posicionamento oficial na íntegra pode ser acessado no link a seguir, em PDF.