O hipotireoidismo é o distúrbio da tireoide mais frequente na população. Ele pode aparecer em qualquer etapa da vida e afetar qualquer indivíduo, incluindo aqueles em condições especiais como as pessoas com Síndrome de Down. A Dra. Gisah Amaral, diretora do Departamento de Tireoide da SBEM, esclareceu sobre o assunto.
A endocrinologista destacou que – assim como nas mulheres na pós-menopausa – a prevalência deste distúrbio entre os pacientes com Síndrome de Down também é significativa. Segundo ela, enquanto nas mulheres ela fica em torno de 5% a 15%, em crianças e adolescentes com a síndrome a porcentagem chega a 25%, bem mais elevada se comparada com os jovens que não têm esta condição.
Dra. Gisah esclareceu que ainda não se sabe o porquê desses pacientes apresentarem uma prevalência maior do hipotireoidismo comparada à população em geral. “Não há ainda comprovação científica para uma causa específica para o desenvolvimento dessa disfunção na tireoide dessas pessoas, mas pode ser que a trissomia do cromossomo 21 seja um fator permissivo para alteração no sistema imune, aumentando as doenças autoimunes.”
Sintomas, Diagnóstico e Tratamento
Entre alguns dos sintomas mais comuns do hipotireoidismo estão o cansaço excessivo, a alteração do sono e a constipação. A Dra. Gisah alerta que algumas vezes esses indícios podem ser subestimados pelos médicos, por serem queixas frequentes dos pacientes durante as consultas médicas. Nas pessoas com Síndrome de Down, esse também pode ser um dos grandes desafios para o diagnóstico.
“Na população em geral, os sintomas são muito comuns e podem não estar relacionados à doença. Queda de cabelo, sonolência, obstipação e desânimo muitas vezes podem passar despercebidos. Em pacientes com Síndrome de Down, eles podem ser mais facilmente subestimados, dificultando o diagnóstico”, explicou a especialista.
Devido à sua elevada prevalência é importante fazer a avaliação da função tireoidiana nas pessoas com Síndrome de Down. A recomendação é fazer a dosagem de anticorpos (não seria de TSH?) nesta população, tanto na primeira infância e em intervalos regulares, ou quando houver qualquer suspeita clínica.
Quanto ao tratamento, a médica destacou que o acompanhamento não é muito diferente da população em geral. O esquema terapêutico é feito com a medicação levotiroxina, em doses diárias pela manhã, de acordo com a intensidade do hipotireoidismo e o peso do paciente.
Apesar de serem pessoas que necessitam de uma atenção especial, Dra. Gisah esclareceu que as orientações e recomendações para os familiares sobre os cuidados não diferem dos demais pacientes. “As recomendações são as mesmas dadas aos pacientes em geral. É muito importante que a família esteja bem orientada e ciente de que as pessoas com Síndrome de Down costumam ter uma prevalência maior de Tireoidite de Hashimoto e, consequentemente, de apresentar o hipotireoidismo”, finalizou.