É essencial para a saúde ter níveis adequados de cálcio no sangue e as paratireoides são as glândulas responsáveis por regular esse mineral no corpo. Elas são muito pequenas e ficam atrás da tireoide. Normalmente, cada indivíduo, tem quatro paratireoides.
De acordo com a vice-presidente do Departamento de Tireoide da SBEM, Dra. Patrícia de Fátima Teixeira, a principal causa do hipoparatireoidismo é a pós-cirúrgica, no caso, após a retirada da tireoide (tireoidectomia).
“Durante o procedimento de retirada da tireoide, a paratireoide também pode vir grudada na glândula ou ocorrer um esvaziamento de gânglios, devido à metástase ganglionar de um câncer de tireoide. Neste esvaziamento, a paratireoide pode estar incluída.”
A endocrinologista destacou, também, que na cirurgia pode ocorrer uma isquemia das paratireoides e elas podem, por esse motivo, parar de funcionar. A isquemia é mais comum após cirurgias onde ocorrem maior sangramento no pescoço. Isso porque na cirurgia pode ser necessário interromper o sangramento local e, portanto, faltar sangue para a nutrição das paratireoides. “Elas sofrem uma isquemia e podem morrer. O hipoparatireoidismo pode ser transitório, com a recuperação em poucos meses, ou permanente.”
Dra. Patrícia explica que é possível prevenir essa complicação cirúrgica, que não é tão infrequente. Ela enfatiza que um bom preparo pré-operatório é essencial para evitar o aparecimento da doença, e faz um alerta. “É importante evitar cirurgias desnecessárias. Não é preciso fazer tireoidectomia para todo nódulo de tireoide encontrado.”
Para a médica, o especialista precisa ficar atento, também, à condição do paciente e analisar com cuidado cada situação. “Se você tem uma condição na tireoide que aumenta muito o sangramento, como em alguns casos de hipertireoidismo que precisam ser operados, há possibilidade de utilizar medicamentos no pré-operatório. Eles ajudam a reduzir o sangramento durante a cirurgia.”
São várias as complicações que o hipoparatireoidismo pode trazer ao paciente. A qualidade de vida fica muito prejudicada e o indivíduo precisará fazer uso diário de cálcio e vitamina D, para suprir a redução de cálcio sérico, pelo resto da vida.
De acordo com a Dra. Patrícia, o paciente pode ter muitas câimbras, dormências, espasmos musculares (tetania) e, em casos mais graves, necessitar de atendimento de emergência. A baixa concentração de cálcio no sangue pode, inclusive, levar a uma arritmia cardíaca e o paciente ao óbito. Portanto, essa é uma condição que se não for tratada e acompanhada é muito grave e letal. “Além de reduzir o nível de cálcio, a doença também faz com que o aumento de fósforo no organismo seja significativo. Esse acúmulo pode trazer complicações graves para o paciente se não for muito bem tratado”, finalizou a médica.