As fórmulas para emagrecer são vistas como soluções rápidas para resolver o problema do excesso de peso. Além do risco de “efeito sanfona” (engordar e emagrecer em um curto espaço de tempo), esse tipo de medicamento pode causar danos à glândula tireoide e causar até mesmo a morte.
A Dra. Laura Ward, professora da Unicamp, explica que as fórmulas são diferentes dos medicamentos para emagrecer. Elas são coquetéis que contêm várias substâncias, sem qualquer cuidado com a interação entre elas e com seus efeitos colaterais. Dra. Laura esclarece que, tipicamente, as fórmulas contêm cinco ou mais substâncias, geralmente:
- Derivados de anfetamina: Os principais são femproporex, dietilpropiona ou mazindol, cuja função é inibir o apetite. Têm efeito rápido, muitas vezes potente, mas que podem causar dependência. São responsáveis por uma série de efeitos colaterais, incluindo insônia e irritabilidade, boca seca, alterações de humor, mais raramente taquicardia e hipertensão arterial. Esses medicamentos podem causar prisão de ventre.
- Diuréticos: Atuam eliminando líquidos. Isso tem um efeito temporário e sem qualquer ação sobre massa magra ou massa gorda, a não ser levar a uma perda de peso à custa de depleção, que é um estado de debilitação, causado pela perda excessiva de fluidos do corpo. No caso de idosos ou de pessoas com alguma doença crônica, o uso indevido de diuréticos pode levar à perda de substâncias importantes para o organismo, como o potássio. Essa perda pode causar câimbras e até mesmo arritmias cardíacas.
- Laxantes: São colocados nas fórmulas para diminuir a prisão de ventre, causada pelos inibidores de apetite presentes na fórmula. Podem piorar o funcionamento intestinal, descamar a mucosa dos intestinos e causar distúrbios hidroeletrolíticos. Os laxantes só vão produzir efeito imediato na perda de peso se for causada diarreia.
- Tranquilizantes: Incluídos para combater os efeitos dos derivados de anfetamina e para diminuir a ansiedade freqüente no obeso. Os benzodiazepínicos (diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, entre outros) são os mais usados, por causa de sua potência.
- Antidepressivo: Adicionados geralmente com a mesma função dos tranquilizantes. Apenas a fluoxetina tem efeito importante na diminuição do apetite, mas só terá efeito após vários dias ou semanas de uso.
- Produtos vegetais: Os mais comuns são a cáscara sagrada e a cavalinha. Não têm qualquer fundamento científico e são colocados nas fórmulas para dar volume à prescrição.
- Fenilpropanolamina, efedrina, aminofilina,cafeína: São substâncias consideradas termogênicas, isto é, são produtoras de calor e aceleram o metabolismo. No entanto, têm importantes efeitos colaterais sobre o sistema cardiovascular, incluindo taquicardia, hipertensão arterial. Também são estimulantes do sistema nervoso central, levando a alteração de humor , diminuição de reflexos.
- Hormônios tireoidianos: Em geral, são colocados em altas doses, pois causam importante perda de peso. Entretanto, esse emagrecimento ocorre principalmente por causa da perda de músculos, e não da gordura. Além disso, os hormônios podem desencadear doenças crônicas da tireoide, além de produzirem importantes efeitos sobre o coração, como taquicardia e arritmias severas, hipertensão arterial, aumento do trânsito intestinal, diarreia, alteração do fluxo menstrual, sudorese importante, nervosismo, alterações de humor, entre outros.
Dra. Laura ressalta que o uso dessas fórmulas é proibido, pois elas podem causar sérios efeitos danosos ao paciente, podendo levar até mesmo à morte. “O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, em 1997, a Resolução CFM numero 1477/97, que proibiu aos médicos a prescrição simultânea de drogas moderadoras de apetite (tipo anfetaminas), com um ou mais dos seguintes fármacos: benzodiazepínicos, diuréticos, hormônios da tireoide, extratos hormonais e laxantes, com finalidade de tratamento da obesidade ou emagrecimento”, explica a médica.
Portanto, se o paciente procurar um médico e forem receitadas fórmulas, deve-se denunciar a prática à delegacia do Conselho Regional de Medicina da cidade. No site do Conselho Federal de Medicina há um formulário e informações para ajudar a fazer a denúncia.