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Distúrbios da TireoideEm destaquePara o Público

Entenda a Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF)

By 14 de agosto de 2019julho 16th, 2020No Comments

Os nódulos de tireoide são uma condição clínica muito comum, sendo mais frequentes nas mulheres e idosos. Eles podem ser císticos, sólidos ou compostos por áreas sólidas e líquidas, sendo chamados de nódulos mistos. 

A identificação dos nódulos de tireoide pode ser feita durante exames de rotina, quando o médico apalpa a região do pescoço do paciente durante uma consulta, ou por meio de exames realizados com outras finalidades (neste caso, os nódulos são chamados de “incidentalomas de tireoide”, uma vez que foram um achado incidental). 

Um aspecto muito importante dos nódulos de tireoide é que cerca de 90% deles são benignos e não acarretam em disfunção tireoidiana, ou seja, não interferem na vida do indíviduo. Por esta razão, uma avaliação cuidadosa de cada caso deve ser feita para determinar quais nódulos necessitam de exames adicionais (ecografia, cintilografia, punção aspirativa com agulha fina).

A punção aspirativa com agulha fina PAAF é uma ferramenta muito importante na análise dos nódulos tireoidianos, sendo o melhor exame para determinar se o nódulo é benigno ou maligno. Porém, para a vice-presidente do Departamento de Tireoide da SBEM, Dra. Patrícia de Fátima Teixeira, é preciso uma reflexão para quais nódulos este procedimento é necessário.

Para quais nódulos a PAAF está indicada?

A Dra. Patrícia explica que a PAAF apresenta prós e contras. A principal vantagem, segundo a endocrinologista, é que é um exame minimamente invasivo, com pouquíssimas chances de complicações. É também um procedimento bem simples e rápido, sem precisar de internação; além de conseguir identificar a característica do nódulo em cerca de 80% dos casos, evitando uma cirurgia.

Por outro lado, apesar de ser padrão-ouro no diagnóstico, ainda há algumas limitações. Segundo a médica, em aproximadamente 20% dos casos, a punção aspirativa não esclarece o diagnóstico. O resultado pode vir indeterminado – o que seriam as classes III e IV de um sistema frequentemente utilizado nos laudos e chamado de Bethesda. Outra causa para não se conseguir esclarecer o diagnóstico pode ser devido à quantidade insuficiente de material coletado, não permitindo uma melhor avaliação do médico patologista (que faz a leitura do material). Dessa forma, a determinação se o nódulo é benigno ou maligno fica comprometida e o paciente pode ser submetido a um procedimento cirúrgico desnecessariamente.

Segundo Dra. Patrícia, é preciso avaliar com muita atenção cada caso. Geralmente opta-se por PAAF de nódulos maiores que 1 cm, com função tireoidiana normal e que tenham sinais de suspeita de malignidade na ultrassonografia. Deve-se reforçar que a PAAF deve ser reservada para os pacientes com maior risco de malignidade. Novos sistemas de utilização dos dados ecográficos para classificar as características dos nódulos (ACR-TIRADS, por exemplo) têm demonstrado que em torno de 60-70% das PAAFs podem ser evitadas sem aumento de falsos negativos. “Em torno de 70% dos casos o diagnóstico vem benigno no pós-operatório. Portanto, não haveria necessidade de ter realizado uma cirurgia que pode trazer complicações ao paciente ao se considerar esses nódulos indeterminados”, finalizou.