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Câncer de Tireoide na Infância

By 28 de outubro de 2016julho 14th, 2020No Comments

O mês de novembro é de conscientização do diabetes, mas outra enfermidade que atinge boa parte da população também é lembrada: o câncer. São duas datas para a mobilização: dia 23 (Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil) e 27/11 (Dia Nacional de Combate ao Câncer). O primeiro foi um dos assuntos abordados em abril no último Encontro Brasileiro de Tireoide, em Porto Alegre.

A Dra. Fernanda Vaisman, endocrinologista do INCA, informou que o tema foi colocado em pauta no EBT no workshop Câncer de Tireoide Avançado.

“Uma das atividades do Encontro foi um workshop onde abordamos e debatemos as peculiaridades e desafios do CDT na infância. Estas peculiaridades foram recentemente destacadas no novo consenso da American Thyroid Association. Pela primeira vez é redigido um consenso exclusivamente para o tratamento e diagnóstico do CDT na infância e adolescência”, disse a médica que destacou que, apesar de se tratar de uma patologia rara nesta faixa etária, sua incidência vem aumentando ao longo do tempo.

“Há uma escassez em nosso país de profissionais treinados para o diagnóstico e tratamento desta patologia na infância. Além disso, temos uma tendência a usar dados gerados para adultos para tratar crianças, sem levar em conta suas peculiaridades.”

Em relação ao diagnóstico, a endocrinologista explicou que a investigação geralmente se dá através da percepção de um aumento do volume cervical, seja na localização da tireoide seja na região lateral do pescoço onde se localizam linfonodos.

“Diferente de outras malignidades, os pacientes não apresentam sintomas sistêmicos como emagrecimento, inapetência ou cansaço. O desafio se deve a diversos fatores como a dificuldade de examinar corretamente o pescoço de crianças, especialmente aquelas pequenas, e a alta prevalência de nódulos cervicais oriundos de patologias extremamente comuns na infância, como infecções virais ou bacterianas de vias aéreas superiores.”

Dra. Fernanda afirmou ainda que a doença geralmente se apresenta na criança de forma mais agressiva com uma taxa maior de linfonodos acometidos pelo câncer e de metástases fora do pescoço, como no pulmão. Em contrapartida, a sobrevida nesta faixa etária é maior do que em adultos.

“Apesar de ser mais agressiva na infância, a mortalidade pelo câncer na faixa etária pediátrica é extremamente baixa e a resposta a iodoterapia costuma ser melhor do que nos adultos. Este é um paradoxo bastante interessante do CDT infanto-juvenil.”

O tema também foi discutido na última edição do Thyroid Journal, em outubro, em um trabalho orientado pela endocrinologista. De acordo com a médica, o trabalho se propôs a validar a classificação de risco de recorrência do CDT pediátrico proposto pela American Thyroid Association, no qual pode-se prever quais crianças estarão livres da doença após 10 anos, baseado nos dados da apresentação inicial do câncer em cada paciente; além de discutir os efeitos adversos tardios do supertratamento desta população.

“É importante lembrar que a apresentação clínica da doença pode ser bastante assustadora, especialmente quando não se tem vivência nesta patologia. Isso, muitas vezes, provoca tratamentos agressivos que no futuro se mostram necessários, uma vez que a mortalidade da doença é muito baixa. No longo prazo, temos adultos com sequelas de tratamentos excessivos que não tiveram impacto na doença em si”, finalizou Dra. Fernanda.

Para ver o trabalho completo divulgado no Thyroid Journal acesse aqui.